Outros tratamentos
Hipospádia é uma malformação frequente no menino, que ocorre devido ao não fechamento do tubérculo genital na fase embrionária, ainda na gestação. Esse evento acarreta várias alterações no pênis da criança, dentre eles: a posição do canal da urina (meato uretral) fica numa posição mais para baixo no pênis; ocorre o não fechamento do corpo esponjoso; ocorre o não fechamento da glande; o prepúcio também não se fecha, e fica como um capuz na região posterior do pênis; há encurvamento do pênis para baixo; e nos casos mais graves pode haver ainda alterações no escroto (Fig.1).
Figura 1. Pênis com hipospádia. Notar o não fechamento da uretra distal, do corpo esponjoso e do prepúcio.
Existe uma grande variação de apresentação, com defeitos com o canal da urina na porção mais para cima no corpo do pênis e até em casos com o canal no períneo da criança (Fig. 2).
O diagnóstico é clínico, visto ao exame físico usualmente logo após o parto. Em toda criança com suspeita de hipospádia, deve-se também verificar a presença dos testículos, tanto no escroto como na região inguinal. Caso não se identifique um ou ambos testículos deve-se aventar a possibilidade de distúrbio de diferenciação sexual.
Figura 2. Tipos de apresentação de hipospádia: A) glandar; B) peniana distal; C) peniana média; D) peniana proximal; E) escrotal; F) perineal.
Nos casos com diagnósticos ou suspeitos, a criança deve ser avaliada precocemente pelo cirurgião especializado, para se descartar possíveis diagnósticos diferenciais, e já se orientar os pais sobre a conduta.
Na maioria dos casos, o tratamento da hipospádia é cirúrgico. A correção cirúrgica é delicada. O tipo de cirurgia irá depender do tipo de defeito anatômico, sendo que nos casos mais graves e com encurvamento peniano acentuado, essa correção é feita por etapas. Mesmo nos casos menos graves, não é incomum a necessidade de novas cirurgias. Por isso, convém encaminhar esses pacientes para centros de referência.
Bibliografia
Piçarro C. Hipospádia. In: Piçarro C. (editor). Fundamentos em Cirurgia Pediátrica. Editora Manole: Santana de Parnaíba, 2021. P: 466-476.